O Presente (consciente)

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Depois de termos analisado o passado, que tal analisarmos o presente? Por outras palavras, que tal tentarmos encontrar resposta para “Quem sou eu hoje?”

O método é praticamente o mesmo que o utilizado para o passado. Mesmo que já tenhamos escrito a nossa autobiografia mais completa, precisamos ainda de escrever uma dissertação que comece por “Eu sou…” Vamos expressar quem somos. Como pode alguém dizer que se conheces de verdade se nunca tentou fazer algo semelhante?

À medida que formos vivendo o dia a dia, prestemos atenção aos padrões do nosso comportamento. Uma vez que os tenhamos identificado, tentemos compreender em que altura do nosso passado eles começaram e como esses padrões de comportamento têm afectado a nossa vida? Prestemos especial atenção aos nossos pensamentos. Descobriremos à determinada altura que repetimos os mesmos pensamentos muitas vezes. Num dia mau, temos pensamentos negativos; se estamos com pressa, pensamos  que algo nos pressiona, nos empurra; num dia bom, temos pensamentos positivos. E num dia sem nada fora do habitual, quais são os nossos pensamentos? O que dizemos a nós próprios? Precisamos de saber, porque nós somos aquilo que pensamos. Assim, o passo a dar é reunirmos a informação que não temos.

Uma ferramenta objectiva para nos ajudar a trazer à luz o que não sabemos sobre nós próprios é um teste de personalidade conduzido por um profissional. Pode ser caro, mas pode revelar-nos imenso acerca de nós, e pode até ajudar-nos a concluir que alguns aspectos da nossa personalidade tidos como “anormais”, são no fundo partes válidas de quem a gente é. Podemos fazer um teste de personalidade de borla através da Internet. Mas um teste profissional ajudar-nos-á mil vezes mais. Se há alguma coisa no mundo em que valha a pena gastar algum dinheiro, essa é tudo o que é inerente ao nosso desenvolvimento mental.

Certamente já fizemos a muitas pessoas perguntas sobre o nosso passado. Agora precisamos de fazer perguntas sobre o presente. Temos certamente à nossa volta pessoas que sabem coisas sobre nós, que não nos dizem, e nós precisamos dessa informação. A primeira pergunta que talvez queiramos fazer é “O que achas de mim?”. Qualquer de nós tem um saco cheio de imperfeições, que todas as pessoas que nos conhecem já repararam, mas nunca nos disseram. Talvez até nos tenham dito, mas tu não ouvimos. Toda a gente tende a não ouvir os reparos, ao mesmo tempo que arranja desculpas para o seu comportamento. Está na altura de pararmos de arranjar desculpas, admitirmos as nossas falhas e imperfeições, analisá-las e procurarmos  formas de as corrigirmos. Provavelmente a melhor forma de nos conhecermos a nós próprios é irmos para um país estrangeiro por algum tempo. Tudo o que tivermos como verdade absoluta e/ou dado adquirido será testado. Ver-nos-emos perante formas totalmente diferentes de ver e viver a vida. Os nossos métodos serão abalados e ver-nos-emos obrigados a rever todo o nosso entendimento sobre o que significa ser-se humano.

Mudar de país não é possível para a maioria das pessoas. Ainda assim, podemo-nos  sempre mudar para um local ou mesmo um retiro, longe de casa, por algum tempo. Por que não fazê-lo aproveitando as férias para passarmos alguns dias num qualquer local diferente do que a que estamos habituados? Quando passamos todos os dias da nossa vida a percorrer os mesmo circuitos, a ver as mesmas pessoas, começamos a ter-nos a nós próprios, as pessoas à nossa volta, e a vida em geral como dados adquiridos. Ao nos separarmos de tudo o que utilizamos para nos definirmos, seremos forçados a enfrentar o que na verdade isso é, e muito nos poderá até chocar. (continua)

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